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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Idade Média

Idade Média é o período histórico compreendido entre os anos de 476 ( queda de Roma ) ao ano de 1453 ( a queda de Constantinopla).
Este período apresenta uma divisão, a saber:
ALTA IDADE MÉDIA ( do século V ao século IX )
Fase marcada pelo processo de formação do feudalismo.
BAIXA IDADE MÉDIA ( do século XII ao século XIV )
Fase caracterizada pela crise do feudalismo.
Entre os séculos IX e XII observa-se a cristalização do Sistema Feudal.
Posto isto, vamos dividir o estudo do período medieval em duas partes.
Nesta revisão abordaremos a Alta Idade Média e na próxima revisão veremos o Feudalismo e a Baixa Idade Média.

ALTA IDADE MÉDIA

Período do século V ao século IX é caracterizado pela formação do Sistema Feudal.
Neste período observa-se os seguintes processos históricos: a formação dos Reinos Bárbaros, com destaque para o Reino Franco; o Império Bizantino -parte oriental do Império Romano - e a expansão do Mundo Árabe. Grosso modo, a Alta Idade Média representa o processo de ruralização da economia e sociedade da Europa.
1. OS REINOS BÁRBAROS
Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que, portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistaram a parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em tribos.
As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:
Os Anglo-Saxões, que se estabeleceram na Grã-Bretanha
Os Visigodos estabeleceram-se na Espanha
Os Vândalos fixaram-se na África do Norte
Os Ostrogodos que se instalaram na Itália
Os Suevos constituíram-se em Portugal
Os Lombardos no norte da Itália
Os Francos que construíram seu reino na França.
Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo. A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembléia de Guerreiros, responsável por todas as decisões importantes e chefiada por um rei ( rei que era indicado pela Assembléia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam -em tempos de guerra -a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.
A sociedade germânica era assim composta:
Nobreza
Formada pelos líderes políticos e grandes proprietários de terras;
Homens-livres
Pequenos proprietários e guerreiros que participavam da Assembléia;
Homens não-livres
Os vencidos em guerras que viviam sob o regime de servidão e presos à terra e os escravos - grupo formado pelos prisioneiros de guerra.
Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas ( florestas e pastos ).
A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.
Como vimos na aula 02, o contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados do século IV. À partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude da pressão dos hunos.
Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de Roma e a fraqueza militar do Império Romano.
Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.

O REINO FRANCO

A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:
Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII )
Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX )

OS MEROVÍNGIOS

O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo. A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos ­que passam a receber apóio da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará com o apóio militar dos Francos.
Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus).
Entre os Mordomos do Paço, mercerem destaque: Pepino d'Herstal, que tornou a função hereditária; Carlos Martel, que venceu os árabes na batalha de Poitiers, em 732 e Pepino, o Breve, o criador da dinastia Carolíngia.
A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".

OS CAROLÍNGIOS

Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.
Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da Idade Média.
Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas mãos de Carlos Magno.

O IMPÉRIO CAROLÍNGIO

Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suiça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.
A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.
O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império.
O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici -funcionários que em nome do rei inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores.
Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.
No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços -a origem do FEUDO.
Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.
Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura clássica ( greco-romana ). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de manuscritos antigos.

DECADÊNCIA DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO

Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os seus filhos.
A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun estabelecendo que:
Carlos, o Calvo ficasse com a parte ocidental ( a França atual)
Lotário ficasse com a parte central ( da Itália ao mar do Norte)
Luís, o Germânico ficasse com a parte oriental do Império.
Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política que, somada a uma onda de invasões sobre a Europa, à partir do século IX ( normandos, magiares e muçulmanos ) contribuem para a cristalização do feudalismo.
A expansão Islâmica ocorreu em três momentos:
1ª etapa ( de 632 a 661 )
Conquistas da Pérsia, da Síria, da Palestina e do Egito
2ª etapa ( de 661 a 750 )
A Dinastia dos Omíadas, que expandiu as fronteiras até o vale do Indo (Índia); conquistou o Norte da África até o Marrocos e a Península Ibérica na Europa. O avanço árabe sobre a Europa foi contido por Carlos Martel, em 732 na batalha de Poitiers.
3ª etapa ( de 750 a 1258 )
A Dinastia dos Abássidas, onde ocorre a fragmentação político-territorial e a divisão do Império em três califados: de Bagdá na Ásia, de Cordova na Espanha e do Cairo no Egito.
Após esta divisão, do mundo Islâmico será constante até que no ano de 1258 Bagdá será destruída pelos mongóis.

AS CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO

A expansão árabe representou um maior contato entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No aspecto econômico a expansão territorial provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo, contribuindo para a cristalização do feudalismo europeu, ao acentuar o processo de ruralização e fortalecendo a economia de consumo.

A CULTURA ISLÂMICA

Literatura: poesias épicas e fábulas. Destaque para os contos de aventuras, como As Mil e uma Noites.
Ciências: muito práticos os árabes aplicaram o raciocínio lógico e o experimentalismo. Desenvolveram a Matemática ( álgebra e trigonometria ), a Química ( alquimia ), Medicina ( sendo Avicena o grande nome ) e a Filosofia ( estudo de Aristóteles ).
Artes: a grande contribuição foi no campo da Arquitetura, com construção de palácios e de Mesquitas. Na Pintura, dado a proibição religiosa de reproduzir a figura humana, houve o desenvolvimento dos chamados arabescos.

O IMPÉRIO BIZANTINO

No ano de 395, Teodósio divide o Império Romano em duas partes: o lado ocidental passa a ser designado por Império Romano do Ocidente, com capital em Roma; o lado oriental passa a ser Império Romano do Oriente com capital em Bizâncio ( uma antiga colônia grega). Quando o imperador Constantino transferiu a capital de Roma para a cidade de Bizâncio, ela passou a ser conhecida como Constantinopla.

A ERA DE JUSTINIANO (527/565)

Justiniano foi um dos mais famosos imperadores bizantinos. Seu reinado corresponde ao apogeu do Império Bizantino.
Em seu reinado destacam-se:
O cesaropapismo
Significa que o chefe do Estado ( César ) torna-se o chefe supremo da religião ( Papa ). As constantes interferências do Estado nos assuntos religiosos provocam desgastes entre o Estado e a Igreja resultando, no ano de 1054, uma divisão na cristandade -o chamado GRANDE CISMA DO ORIENTE.
A cristandade ficou dividida em duas igrejas: Igreja Católica do Oriente ( Ortodoxa ) e Igreja Católica do Ocidente, com sede em Roma.
A guerra de Reconquista
Tentativa de Justiniano para reconstituir o antigo Império Romano, procurando reconquistar o Norte da África, a Itália e Espanha que estavam sob o domínio dos chamados povos bárbaros
A Revolta Nika
Para sustentar a Guerra de Reconquista, o governo adotou uma política tributária o que gerou insatisfações e lutas sociais. Justiniano usou da violência para acalmar o Império
Justiniano foi também um grande legislador e responsável pela elaboração do Corpus Juris Civilis ( Corpo do Direito Civil ), que estava assim composto:
O Código
Revisão de todas as leis romanas:
O Digesto: sumário escrito por juristas;
As Institutas: manual para estudantes de Direito;
As Novelas: conjunto de leis criadas por Justiniano.
Com a morte de Justiniano, o Império Bizantino inicia sua decadência. Entre os séculos VII e VIII os árabes conquistam boa parte do Império Bizantino e em 1453 os turcos ocupam a capital -Constatinopla.

A CULTURA BIZANTINA

O povo bizantino era muito religioso e exerciam os debates teológicos.
Muitas questões teológicas foram discutidas, destacamdo­se:
O monofisismo
Tese que negava a dupla natureza de Cristo­humana e divina. Segundo o monofisismo, Cristo tinha uma única natureza: a divina.
A iconoclastia
Movimento que pregava a destruição de imagens sagradas ( ícones ).
Nas artes, os bizantinos destacaram-se na Arquitetura: construção de fortalezas, palácios, mosteiros e igrejas. A mais exuberante das igrejas foi a Igreja de Santa Sofia, construída no reinado de Justiniano. A característica da arquitetura bizantina era o uso da cúpula.
Os bizantinos também se destacaram na arte do mosaico, utilizados na representação de figuras religiosas, de políticos importantes e na estilização de plantas e animais.

A Baixa Idade Média

I. Origens
O feudalismo europeu é resultado da síntese entre a sociedade romana em decadência e a sociedade bárbara em evolução. Esta síntese resulta nos chamados fatores estruturais para a formação do feudalismo.
Roma contribui para a formação do feudalismo através dos seguintes elementos:
A "villa", ou o latifúndio auto-suficiente; -o desenvolvimento do colonato, segundo o qual o trabalhador ficava preso à terra
A Igreja Cristã, que se tornará na principal instituição medieval. A crise romana reforça seu poder político local e consolida o processo de ruralização da economia.
Os "Bárbaros" contribuem com os seguintes elementos:
Uma economia centrada nas trocas naturais
O comitatus, instituição que estabelecia uma relação de fidelidade e reciprocidade entre os guerreiros e seus chefes
Aprática do chamado benefício ( beneficium ), dando imunidade ao proprietário deste
O direito consuetudinário, isto é, os costumes herdados dos antepassados possuem força de lei.
Além destes elementos estruturais ( internos ), contribuíram também os chamados elementos conjunturais ( externos ) , que foram as Invasões Bárbaras dos séculos VIII ao IX os normandos e os muçulmanos.
Os normandos efetuam um bloqueio do mar Báltico e do mar do Norte e os muçulmanos realizam o bloqueio do mar Mediterrâneo. Estas invasões aceleram o processo de ruralização européia - em curso desde o século III - acentuando a economia agrária e auto-suficiente.
II. Estruturas feudais
ESTRUTURA ECONÔMICA
A economia era basicamente agro­pastoril, de caráter auto-suficiente e com trocas naturais. O comércio, embora existisse, não foi a atividade predominante.
As terras dos feudos eram divididas em três partes:
Terras coletivas ou campos abertos
De uso comum, onde se recolhiam madeira, frutos e efetuava-se a caça. Neste caso, temos uma posse coletiva da terra.
Reserva senhorial
De uso exclusivo do senhor feudal - é era a propriedade privada do senhor.
Manso servil ou tenência
Terras utilizadas pelos servos. Serviam para manter o sustento destes e para cumprimento das obrigações feudais.
O caráter auto-suficiente da economia feudal dava-se em virtude da baixa produtividade agrícola.
O comércio, embora não fosse a atividade predominante, existia sob duas formas: o comércio local -onde realizava-se as trocas naturais; e o comércio a longa distância -responsável pelo abastecimento de determinados produtos, tais como o sal, pimenta, cravo, etc... O comércio a longa distância funcionava com trocas monetárias e, à partir do século XII terá um papel fundamental na economia européia.

ESTRUTURA POLÍTICA

O poder político era descentralizado, ou seja, distribuído entre os grandes proprietários de terra ( os SENHORES FEUDAIS). Apesar da fragmentação do poder político, havia os laços de fidelidade pessoal ( a vassalagem).
Por esta relação estabelecia-se o contrato feudo-vassálico, assim caracterizado:
Homenagem
Juramento de fidelidade do vassalo para com o seu suserano
Investidura
Entrega do feudo do vassalo para o suserano.
O suserano ( aquele que concede o feudo ) deveria auxiliar militarmente seu vassalo e também prestar assistência jurídica.
O vassalo ( aquele que recebe o feudo e promete fidelidade) deve prestar o serviço militar para o suserano e comparecer ao tribunal por ele presidido.

ESTRUTURA SOCIAL

A sociedade feudal era do tipo estamental, onde as funções sociais eram transmitidas de forma hereditária. As relações sociais eram marcadas pelos laços de dependência e de dominação.
Os estamentos sociais eram três:

CLERO

Constituído pelos membros da Igreja Católica.
Dedicavam­se ao ofício religioso e apresentavam uma subdivisão:
Alto clero- formado por membros da nobreza feudal (papa, bispo, abade)
Baixo clero- composto por membros não ligados à nobreza ( padre, vigário ).

NOBREZA

Formada pelos grandes proprietários de terra e que se dedicavam à atividade militar e administrativa.

TRABALHADORES

Simplesmente a maioria da população. Os camponeses estavam ligados à terra ( servos da gleba ) sendo obrigados a sustentarem os senhores feudais.
Assim, o clero formava o 1º Estado, a nobreza o 2º Estado e os trabalhadores o 3º Estado.
O Sistema feudal também apresentava as chamadas obrigações feudais, uma conjunto de relações sociais onde os servos eram explorados pelos senhores feudais.
As principais obrigações feudais eram:
1) CORVÉIA
Obrigação do servo de trabalhar nas terras do senhor(manso senhorial). Toda produção de seu trabalho era do proprietário.
2) TALHA
Obrigação do servo de entregar parte de sua produção na gleba para o senhor feudal.
3) BANALIDADES
Pagamento feito pelo servo pelo uso de instrumentos e instalações do feudo ( celeiro, forno, estrada...).

CRISE DO FEUDALISMO

A crise do Sistema Feudal tem sua origem no século XI e está relacionada ao crescimento populacional. Este, por sua vez, está relacionado a um conjunto de inovações técnicas, tais como o uso da charrua ( máquina de revolver a terra ), o peitoril ( para melhor aproveitamento da força do cavalo no arado ), uso de ferraduras e o moinho d'água.
A estas inovações técnicas, observa-se uma expansão da agricultura, com a ampliação de áreas para o cultivo ( conquista dos bosques, pântanos...).
Sabendo-se que a produtividade agrícola era baixa- mesmo com as inovações acima- o crescimento populacional acarreta uma série de problemas sociais: o banditismo, aumento da miséria, guerras internas por mais terras... As Cruzadas foram, neste contexto, uma tentativa para solucionar tais problemas.

AS CRUZADAS

Foram convocadas pelo papa Urbano II, em 1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa ( Jerusalém ) do domínio muçulmano.
No entanto, outros fatores contribuíram para a organização das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos nobres para o oriente; o ideal de peregrinação cristã; o interesse econômico em algumas regiões do oriente e a necessidade de exportar a miséria-em virtude do crescimento populacional.
As principais conseqüências das Cruzadas foram:
Reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente
Fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento Dos senhores feudais
O renascimento urbano.

Renascimento Comercial

As Rotas
O comércio de produtos na Europa desenvolve-se em dois centros:
No Norte da Europa, onde a Liga Hanseática -união de cidades alemãs- através dos mares do Norte e Báltico, monopolizava o comércio de peles, madeiras, peixes secos, etc...
Na Itália, onde cidades como Veneza e Gênova, monopolizavam o comércio de produtos vindos do Oriente, como a seda, cravo, canela, etc...
Estes centros comerciais eram interligados por rotas terrestres, sendo que a mais importante era a de Champagne.
As feiras
Contribuíram para a dinamização do comércio e das trocas monetárias. Desenvolveram-se no encontro de rotas comerciais ( os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade de Champagne, na França.
Renascimento Urbano
O intenso desenvolvimento comercial colaborou para o desenvolvimento das cidades medievais e de uma nova classe social, a burguesia.
A burguesia inicia uma luta pela emancipação das cidades dos domínios do senhor feudal ( movimento comunal ).
No interior das cidades ( Burgos ), a produção urbana estava organizada nas chamadas Corporações de Ofício. ( Guildas na Itália ). O principal objetivo destas organizações era regulamentar a produção, defendendo o justo preço e praticando o monopólio./
O interior da Corporação de Ofício apresentava uma divisão hierárquica, a saber: o mestre, o aprendiz e o jornaleiro - pessoa que recebia por uma jornada de trabalho.

FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS

A formação das Monarquias Nacionais está associada à aliança entre a burguesia comercial e o rei, efetivada no final da Baixa Idade Média.
O interesse da burguesia nesta aliança era econômico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o desenvolvimento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas não padronizados e ausência de unificação monetária.
Já o rei, que buscava centralizar o poder político, a classe de senhores feudais representava seu principal obstáculo ( lembre-se que o poder político feudal era fragmentado ). Para fazer valer sua autoridade era necessário a criação de um exército, formado por mercenários.
Assim, a burguesia comercial passa a financiar a montagem deste exército. O rei passa a superar o senhor feudal e a impor sua vontade.
A centralização do poder político implica na unificação econômica: padronização de pesos, medidas e monetária -incentivando as trocas comerciais.
A Monarquia passa a criar as Companhias de Comércio, onde o monopólio da atividade comercial ficará a cargo da burguesia.

Monarquia Nacional

Caso francês.
DINASTIA DOS CAPETOS
Substituição das obrigações feudais por tributos pagos à Coroa, criação de um Exército Nacional.
Durante a Guerra dos Cem Anos ( 1337/1453 ), a nobreza feudal se enfraquece, colaborando para o fortalecimento do poder real.
Filipe Augusto (1180/1223 )
Iniciou a luta contra o domínio inglês
Luís IX ( 1226/1270)
Organização da justiça real
Filipe IV, o Belo ( 1285/1314 ) - entrou em choque com o Papado, episódio conhecido como o Grande Cisma, quando transferiu a sede do Papado para Avignon.

A CRISE DO SÉCULO XIV

O final da Idade Média é marcado por uma séria crise social, econômica e política - a denominada tríada: a Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e a fome, responsáveis pelas revoltas camponesas.

CRISE SÓCIO-ECONÔMICA

Como vimos, a partir do século XI, houve uma expansão da agricultura. Ocorre que as terras de boa qualidade ficam cada vez mais raras, acarretando uma diminuição na produtividade. Soma-se a isto, uma série de transformações climáticas na Europa, responsáveis pela perda de colheitas e gerando uma escassez de alimentos e períodos de fome (1315 a 1317, 1362, 1374 a 1438 ).
Enfraquecida pela fome, a população européia fica vulnerável às epidemias, como no caso da Peste Negra, trazida do Oriente. Calcula-se que um terço da população européia desapareceu.
A epidemia, aliada às sucessivas crises agrícolas, provoca uma enorme escassez de mão-de-obra, levando os servos a fazerem exigências por melhores condições de vida. Muitos servos conseguiam comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no entanto, às exigências dos servos foram seguidas pelo aumento dos laços de dependência, acarretando as revoltas camponesas.
Tanto em um caso - abertura do sistema, quando o servo adquire a sua liberdade; como no outro -fechamento do sistema, quando os laços de dependência são ampliados - o resultado será o agravamento da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações sociais.

CRISE POLÍTICA

O período medieval foi marcado pelos conflitos militares, dada a agressividade da nobreza feudal. Entre estes conflitos, A Guerra do Cem Anos ( 1337/1453 ) merece destaque.
A Guerra dos Cem Anos ocorreu entre o reino da França e o reino da Inglaterra, motivada por motivos políticos -a sucessão do trono francês entre Filipe de Valois e Eduardo III, rei da Inglaterra; e motivos econômicos -a disputa pela região da Flandres, importante área produtora de manufaturas.
Ao longo do combate, franceses e ingleses obtiveram vitórias significativas. Entre seus principais personagens, destaque para a figura de Joana d'Arc, que no ano de 1431 foi condenada à fogueira. Após a sua morte os franceses expulsaram os ingleses, vencendo a guerra.
Esta longa guerra prejudicou a economia dos dois reinos e contribuiu para o empobrecimento da nobreza feudal e, consequentemente, o seu enfraquecimento político. Ao mesmo tempo que a nobreza perdia poder, a autoridade do rei ficava fortalecida, beneficiando o processo de construção das Monarquias Nacionais.

A IGREJA MEDIEVAL

A principal instituição medieval será a Igreja Católica.
Esta exercia um papel decisivo em todos os setores da vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na legitimação da dominação política e nas manifestações culturais.
O clero estava organizado em clero secular ( que vivia no mundo cotidiano em contato com os fiéis ) e o clero regular ( que vivia nos mosteiros, isolando do mundo ) que obedecia regras. Trata-se dos beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.
O topo da hierarquia eclesiática era ( e ainda é ) ocupada pelo papa. Este exercia dois tipos de poderes, o espiritual ( autoridade religiosa máxima) e o poder temporal ( poder político decorrente das grandes extensões de terra que a Igreja possuía ). O exercício do poder temporal levou a Igreja a envolver-se em questões políticas, como a célebre Querela das Investiduras.

Movimentos reformistas

A interferência da Igreja em assuntos políticos, a corrupção eclesiástica, o desregramento moral do clero e a venda de bens eclesiásticos levaram a Igreja a afastar-se de seu ideal religioso.
No século XI surgiu um movimento reformista que buscava recuperar a autoridade moral da Igreja, originado a Ordem de Cluny, que tinha por objetivo seguir as regras da Ordem Beneditina ( castidade, pobreza, caridade, obediência, oração e trabalho ). O papa Gregório VII, que se envolveu na Querela das Investiduras, havia sido um monge desta ordem.
Outras ordens religiosas surgiram, as chamadas Ordens mendicantes, como a dos cartuxos e dos cistercienses. Pregando a pobreza absoluta e vivendo da caridade, surge a Ordem dos Franciscanos e dos Dominicanos.

INQUISIÇÃO

A perda da autoridade moral da Igreja Católica propiciou o desenvolvimento de uma série de doutrinas, crenças e superstições denominadas heresias, que contrariavam os dogmas da Igreja.
Para combater os movimentos heréticos, o papa Gregório IX criou, em 1231, os Tribunais de Inquisição, com a missão de julgar os considerados hereges. Os condenados eram entregues às autoridades administrativas do Estado, que executavam a sentença.
A Inquisição desempenhava um importante papel político, freando os movimentos contrários aos interesses das classes dominantes.

CULTURA MEDIEVAL

Referir-se à Idade Média como a "Idade das Trevas" é um grave erro. Tal concepção representa uma visão distorcida do período medieval. Este preconceito com a Idade Média originou-se no século XVIII com o Iluminismo - fortemente anticlerical.
No entanto, o período medieval foi riquíssimo em atividade cultural.

EDUCAÇÃO

Controlada pelo clero católico, que dominava as escolas dos mosteiros, escolas paroquiais e as universidades.
O surgimento e expansão das universidades estão relacionadas com o desenvolvimento das cidades, bem como o surgimento de uma nova classe social: a burguesia comercial.
Os ramos de conhecimento estudados nas universidades medievais eram: Teologia e Filosofia, Letras, Ciências, Direito e Medicina. O ensino era ministrado em latim.

ARTES

a) Literatura
Enaltecer a figura do cavaleiro cristão e suas qualidades: lutar pelo bem público, combater as heresias e defender os pobres, viúvas e órfãos.
Na poesia épica exalta-se os torneios, as aventuras e a defesa do cristianismo, tais como a canção de Rolando (século XI ) e El Cid( século XII).
Na poesia lírica, predomina o tema do amor espiritualizado e idealizado do cavaleiro pela sua amada.
No século XIII, o grande destaque da literatura foi Dante Alighieri, autor da Divina Comédia.
b) Pintura
Possuía uma função didática, pois estava associada à divulgação de temas religiosos. Entre os principais pintores medievais, destacam-se Cimabue e Giotto.
c) Escultura
Função decorativa e de divulgação dos valores religiosos.
d) Arquitetura
Desenvolvimento de dois estilos: o românico e o gótico.
Românico: (séculos XI/XII)
Aarcos em abóbadas redondos, sustentados por paredes maciças. A catedral de Notre-Dame la Grande em Poitiers é um exemplo deste estilo.
Gótico: ( séculos XII/XVI )
Uso do arco em ponta ou ogival, permitindo a construção de abóbadas bastante amplas. Existência de muitas janelas para melhor iluminação do interior, muito mais amplo que o estilo românico. O gótico está relacionado com o crescimento populacional e o desenvolvimento urbano.
A catedral de Notre-Dame, em Paris, é um exemplo deste estilo.
e) musica
Divulgava os valores cristãos. Destaque para Gregório Magno ( 590/604 ) que implantou o canto gregoriano. Na música popular, destaque para as canções trovadorescas, cujos temas eram os ideais cristãos.

CIÊNCIAS E FILOSOFIA

A principal corrente filosófica do período foi a Escolástica, que tinha por objetivo conciliar a razão com a fé. Seus principais representantes foram Alberto Magno ( 1193/1280 ) e Tomás de Aquino ( 1225/ 1274). Este último reconstruiu parte das teorias de Aristóteles, dentro de uma visão cristã, na sua obra Summa Theológica.
No setor científico, Roger Bacon (1214/1294) defensor da observação e da experimentação como norma científica.
Fonte: www.mundovestibular.com.br
Idade Média
IDADE MÉDIA: FILHA DOS ANTIGOS, BERÇO DA MODERNIDADE
“Somos anões empoleirados nos ombros de gigantes. Assim, vemos melhor e mais longe do que eles, não porque nossa vista seja mais aguda ou nossa estatura mais alta, mas porque eles nos elevam até o nível de toda a sua gigantesca altura...” Bernardo de Chartres
O conceito de Idade Média como “Idade das Trevas”, em oposição ao Renascimento e à Antigüidade, foi forjado sobretudo no século XIX pelos historiadores liberais, segundo o qual a Idade Média teria interrompido o progresso do conhecimento e da cultura do homem, que seriam retomados mais tarde no século XVI.[1] Felizmente, este conceito vem sendo desmistificado por diversos estudiosos. Seguindo a teoria de Toynbee[2], os movimentos culturais podem estar ligados por uma relação de gerações, de tal modo que uma cultura seja filha da outra. Esta é relação existente entre a Antigüidade, a Idade Média e a Cultura Ocidental Moderna. A idéia de Idade Média como uma época que esqueceu os antigos não se fundamenta e, na verdade, temos a Idade Média como filha da Antigüidade e berço do Renascimento e, enfim, do nosso mundo ocidental.

Portanto não é possível estudar a Idade Média se nos limitarmos a (pre)conceitos criados a posteriori, pois nela encontramos elementos cuja história e significado só se encontram em períodos mais antigos.[3]

O medievo bebe na fonte dos antigos mas, não se contentando com o paladar, altera-lhe o sabor a seu gosto. Estamos falando de uma nova utilização dos antigos (entendidos como toda a cultura antiga, não somente a clássica), que alguns chamariam supostamente de imitação servil, mas que, aos olhos do homem da época é algo completamente novo, moderno.
A partir do legado da tardia Antigüidade latina, a Idade Média adotou e transformou seus elementos, construindo uma imagem própria dos antigos: “a Antigüidade está presente na Idade Média como recepção e transmutação”.[4]

Os medievos procuraram traduzir, estudar e entender os antigos, pois, para refutar suas doutrinas foi preciso conhecê-las.
Eles acreditavam que a filosofia antiga (sobretudo Aristóteles e Platão) tinha de ser reutilizada, à luz de uma nova interpretação cristã, como nos diz neste trecho o inglês Daniel de Morley, reportando-se ao bispo de Norwich:
“Que ninguém se aflija se, tratando da criação do mundo eu invocar o testemunho não dos Padres da Igreja, mas de filósofos pagãos, pois, ainda que estes não figurem entre os fiéis, algumas de suas palavras, a partir do momento que estejam cheias de fé, devem ser incorporadas ao nosso ensino.” [5]
Vejamos a reinterpretação que Santo Agostinho, um dos expoentes da Idade Média, faz de Platão e Aristóteles, ilustrando com o capítulo 8 do livro VI das Confissões[6]. Nele, Alípio – ex-aluno e futuro amigo de Agostinho – recusa-se a assistir às lutas de gladiadores, mas acaba sendo levado “amigavelmente” à força pelos amigos.
Para se proteger contra a massificação e a catarse daquele espetáculo sangrento e cruel, o jovem Alípio conta com seu esclarecimento sobre o que é o bem e o mal, pois o homem instruído e consciente seria capaz de se proteger contra tais males:“Por arrastardes a esse lugar e lá colocardes o meu corpo, julgais que podereis fazer com que o espírito e os olhos prestem atenção aos espetáculos? Assistirei como ausente, saindo assim triunfante de vós e mais dos espetáculos”[7].
Ledo engano: o homem esclarecido, consciente de si mesmo se entrega tanto mais facilmente e com tanto mais ardor àquela massificação. Vamos nos apoiar na brilhante análise que Erich Auerbach[8] faz desse texto para mostrar como a Antigüidade é reutilizada pelo pensador cristão.
A autoconsciência individualista e orgulhosa é derrubada: “não se trata de um Alípio qualquer, mas de toda a cultura racional e individualista da Antigüidade clássica: Platão e Aristóteles, os estóicos e os epicuristas”[9].
A derrocada é tanto maior quanto maior a suposta consciência: o homem consciente se converte em massa e vai além, conduz a massa.
Essa mudança radical, como aponta também Auerbach, é cristã, sendo a derrota a primeira etapa da redenção em Deus: “O Cristianismo dispõe, na sua luta contra a embriaguez mágica, de outras armas que não as da elevada cultura racional e individualista da Antigüidade”[10]. Se por um lado, Agostinho reutiliza os antigos, seu estilo de texto é “totalmente anticlássico”, tanto no tom humanamente dramático como na forma, que lembra passagens bíblicas; Agostinho se utiliza dos clássicos, mas não se deixa dominar por ele, como aponta Auerbach.

Dante é outro “produto” da Antigüidade, e bebe dessa fonte para construir o maior painel da época medieval, sua Divina Comédia. Na viagem de Dante ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso – conduzido pelo altíssimo poeta Virgílio, a mentalidade, a cultura, a sociedade, o amor são questionados em conversas travadas com inúmeros personagens. A Divina Comédia também é uma censura à época, escrita, segundo o poeta, em “linguagem vulgar que as mulheres utilizavam em suas conversações diárias”[11].
No canto IV do Inferno, Dante e Virgílio se encontram com os antigos: Homero, Horácio, Ovídio, Lucano e depois Estácio. Esse encontro representa a aceitação de Dante no círculo dos poetas antigos (a bella scuola) e a sanção de sua missão poética.[12]
Assim, só podemos compreender Dante, se estudarmos Virgílio e, antes deste, Homero:
“O encontro de Dante com a bella scuola autoriza a incorporação da épica latina na poesia universal cristã. Compreende um lugar ideal, onde ficou reservado um nicho para Homero, e onde se acham reunidas todas as grandes figuras do Ocidente (...) Nele deita raízes a Divina Comédia. É a velha estrada da Antigüidade que conduz ao Mundo Moderno.”[13]
Ecoam também em Giovani Bocaccio, autor do Decameron, os reflexos dos antigos. Na medida em que ambos rompem com uma estrutura rígida coercitiva, Eurípides e Bocaccio são precursores da nossa modernidade. Aquele desmistificando o esquema coercitivo-aristocrático das tragédias, colocando o povo como personagem principal e celebrando o indivíduo. Bocaccio, grande admirador e seguidor de Dante, popularizando a literatura e escandalizando com suas novelas, escritas em língua vulgar, em que jovens fogem da peste e se refugiam nos montes, visualizando novos horizontes (fuga do passado, rumo a uma nova era); temos, então, uma transfiguração do espírito revolucionário de Eurípides. Além disso, ambos são precursores do romance burguês moderno.

Podemos citar inúmeros outros exemplos, mas limitemo-nos a expor mais dois: o primeiro intelectual, tal como concebemos, nasceu na Idade Média: Abelardo, cristão nutrido na filosofia antiga que reclama a aliança entre a razão e a fé, o primeiro professor, para usar as expressões de Le Goff[14]; e as Universidades, centro da nossa intelligentsia e instituição de pesquisa por excelência, foram criadas nessa época.

Há que se negar as oposições Medievalidade-Antigüidade e Medievalidade-Modernidade pois não se pode ser moderno se não se estuda os antigos. Isso vale tanto para a Idade Média em relação à Antigüidade como para o nosso mundo com relação à Idade Média. É a partir do legado da Idade Média que os clássicos chegam aos renascentistas e, depois, até nós. Dizemos que nosso mundo atual é fruto do pensamento clássico greco-romano.
Na verdade, não nos damos conta que somos filhos do pensamento medieval, no qual os conceitos clássicos passaram pelo filtro da doutrina cristã:
“falamos idiomas surgidos naquela época, temos ou pretendemos ter governos representativos, consideramos indispensáveis instituições como julgamento por júri e habeas corpus, alcançamos maior eficiência com o sistema bancário, a contabilidade e o relógio mecânico, cuidamos do corpo com hospitais e óculos, alimentamos melhor o espírito graças à notação musical, à imprensa e às universidades, embelezamos a vida com a música polifônica e os romances”.[15]
Temos de tentar compreender a Idade Média, então, a partir dos olhos de uma pessoa daquela época, isto é, sem preconceitos, reconhecendo sua modernidade e seu rico legado cultural. Conhecer a Idade Média, matriz da civilização ocidental cristã, enfim, é compreender melhor o nosso século.
Della Paschoa Rodrigues
Referências Bibliográficas
AUERBACH, Erich. Mimesis – A Representação da Realidade na Literatura Ocidental. São Paulo: Perspectiva, 1998.

CURTIUS, Ernst R. Literatura Europea y Edad Media Latina. México: Fondo de Cultura Económica, 1995.

FRANCO Jr., Hilário. A Idade Média – Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1996.

HAUSER, Arnold. História Social da Arte e da Literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

LE GOFF, JACQUES. Os Intelectuais na Idade Média. São Paulo: Brasiliense, 1995.

LOYN, Henry R. (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.

SANTO AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999, Coleção Os Pensadores.
[1] Cf. OLIVEIRA, Franklin. “Breve Panorama Medieval” in LOYN, Henry R. (org.). Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1992, p. V.

[2] Cf. CURTIUS, Ernst R. Literatura Europea y Edad Media Latina. México: Fondo de Cultura Económica, 1995, p. 21

[3] Ibidem, p. 30.

[4] Ibidem, p. 39.

[5] Apud LE GOFF, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 29.

[6] Santo Agostinho. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

[7] Ibidem, p.157.

[8] AUERBACH, Erich. Mimesis – A Representação da Realidade na Literatura Ocidental. São Paulo: Perspectiva, 1998, pp. 56-61.

[9] Ibidem, p. 59.

[10] Ibidem, Loc. cit.

[11] Apud FRANCO Jr., Hilário. A Idade Média – Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1996, p. 140.

[12] Cf. CURTIUS, Ernst R. Op. cit. p. 37.

[13] Ibidem, p. 38.

[14] LE GOFF, Jacques. Op. cit. pp. 39 ss.

[15] FRANCO Jr., Hilário. Op. cit. p. 179.
Fonte: www.unicamp.br

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