Rap ensina história afro-indígena

Rap ensina história afro-indígena

Projeto utiliza a música para ensinar a jovens estudantes de São Paulo a trajetória de seus ancestrais

por Heloísa Broggiato

Maíra Soares Ferreira Projeto utiliza a música para ensinar a jovens estudantes de São Paulo a trajetória de seus ancestrais Em sua dissertação de mestrado, defendida no ano passado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), a psicanalista Maíra Soares Ferreira se propôs enfrentar um desafio: motivar jovens carentes para os estudos utilizando a história dos antepassados afro-indígenas da comunidade do Real Parque, em São Paulo. “Notei que, no Dia do Índio, os trabalhos produzidos pelos alunos da escola local, descendentes de etnias afro-indígenas, não faziam referência alguma aos seus ancestrais”, conta Maíra.  Ela, então, percebeu que precisaria partir da história, política e cultura da própria comunidade presente para desenvolver um método de ensino para o tema. Ao ver que os estudantes gostavam de fazer rimas e raps, sugeriu que eles contassem a própria história e a de seus antepassados em forma de versos.  O resultado foi surpreendente. “A ascendência dos jovens, que antes era negada, passou a aparecer no cordel, repentes e raps, produzidos por eles, na escola”, afirma Maíra. O uso das rimas fez com que os jovens do Real Parque entrassem em contato com a herança afro-indígena e assim se sentissem integrados à sociedade. A dissertação de Maíra está disponível no banco de teses digital da USP: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-30082010-102212/pt-br.php

Heloísa Broggiato é jornalista, tradutora, cientista política e mestre em política internacional e segurança pela Universidade de Bradford, na Inglaterra